Se a cena musical independente cresce sob olhos e ouvidos dos internautas e passeiam por downloads a cada segundo, a indústria fonográfica ainda sobrevive por intermédio de bandas e artistas de forte apelo comercial. E quem diria: o rock virou comércio. A prova é o sucesso da banda teen Restart. A meninada faz show neste domingo no Teatro Riachuelo para um público "bonzinho". A expressão é usada por eles mesmos para classificar hits como Recomeçar e Fica comigo.
Apesar de sociólogos definirem a contemporaneidade como época confusa provocada por mudanças globais e estruturais na política ou no comportamento (também retratadas no cinema e nos quadrinhos), o guitarrista e principal compositor da banda, Pe Lu, contesta esse cenário e afirma, na entrevista a seguir concedida ao Diário de Natal, que a sua geração pós-rebeldia e pós-coca-cola, não sofreu "e que tem muito mais motivos pra sorrir do que se lamentar".
Por trás da tela da televisão ou dos jabás das rádios FMs, o rock "sujo" e contestador mantém a pegada e a contestação, com letras menos políticas e mais comportamentais. Seria a influência da época? Ou vivemos realmente imersos em um universo confluente ao positivismo, ao mundo colorido e próspero pregado pelo Restart e outras bandas emergentes do rock divulgado pela grande mídia? A seguir, segue a versão do Restart, que estreia o primeiro show em um teatro aqui em Natal.
Entrevista - Pe Lu (Restart)
Como se dá o processo de composição? Há um letrista principal e alguém com mais talento pra melodia?
Todas as musicas são minhas e do Koba. Criamos uma forma de trabalhar que nasceu naturalmente. No geral eu escrevo as letras e ele faz as melodias, depois nos juntamos e ajudamos um ao outro pra chegar no resultado esperado. Temos uma ligação criativa muito bacana.
O visual colorido surgiu espontaneamente ou vocês queriam criar moda?
Sempre gostamos de usar roupas coloridas, bonés, relógios. A ideia das calças surgiu na nossa primeira sessão de fotos, ficamos felizes com o resultado e resolvemos adotar pra nossa vida, pra nossa carreira. Acho que tem tudo a ver com a mensagem positiva que a banda quer passar e com nosso estado de espírito sempre alegre.
Sobretudo nos anos 80, o rock acompanhou o momento político brasileiro e projetou uma voz de contestação popular pela música. Falar de amor hoje é a atitude do rock no momento?
A geração dos anos 80 vinha abalada por uma série de mudanças políticas e comportamentais no país; foi uma geração que cresceu em meio a ditadura, falta de liberdade de expressão, era natural que a contestação e o envolvimento político fosse maior. Hoje em dia, somos uma geração que já nasceu livre, com acesso a milhares de informações, ensino, equilíbrio emocional. As pessoas estranham às vezes, mas somos uma geracão que não sofreu e que tem muito mais motivos pra sorrir do que se lamentar.
Também naquela época, o rock era movido pela pecha do sexo, drogas e rock'n'roll. O que rola na a turnê?
O lema 'sexo, drogas e rock' tinha um significado contestador que vinha com algum objetivo na época. Hoje em dia todo mundo sabe das consequências da falta de prevenção, do uso de drogas e afins, então, seria meio babaca da nossa parte querer usar essa mensagem. Somos da geração saúde, aprendemos a respeitar nossos limites e dentro deles curtir a vida como qualquer adolescente, como qualquer jovem. Essa é a mensagem que queremos passar para as pessoas.
Qual sua influência musical? Essas influências são levadas ao som da banda?
Temos diversas influências, eu e o Koba, por exemplo, estudamos quatro anos em conservatório, então ouvíamos blues, mpb, bossa nova, jazz. O Pe Lanza sempre foi apaixonado por Guns, Aerosmith, Bon Jovi. O Thominhas já tocou em banda de reggae, indie, hard rock. Junta tudo isso com influências de bandas como All Time Low, The Maine, Farewell, que nasce o som da Restart.
Quais as vantagens e desvantagens de se tocar rock em teatro?
Acho que nunca tivemos essa oportunidade ainda.
A rebeldia hoje é remar contra a maré e ser "bonzinho"?
Sempre achei que a maior rebeldia de todas é ser você mesmo, isso é o que nós somos.
* Matéria publicada hoje no Diário de Natal
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Há 15 horas
Seria pertinente perguntar a esse rapaz o que ele entende por "geração", porque ao ler a entrevista a impressão que se tem é a de que ele acha que a geração dele se resume à galerinha que estuda no mesmo colégio particular, ouve o mesmo tipo de som no ipod e freqüenta o mesmo shopping center.
ResponderExcluirNão acho que a música tenha necessariamente que contestar ou passar alguma mensagem, mas daí a dizer que eles não contestam porque são de uma "geração" que vive num mar de rosas, ignorando os adolescentes que se perdem no crack, no álcool, no tráfico, na prostituição, dentre outros infernos, aí já é demais.
Se eu fosse adolescente, criaria a banda "delete" pra competir com eles!!!
Restart eh d+, tem q lavar a boka mil vezes antes d falar mal deles, eh facil falar o dificil eh ser, restart amo vcs, eles sao os melhores, quem fala mal eh q tem inveja, e queria estar no lugar deles, quem fala mal ve c concegue fazer melhor q eles...duvido q tem alguem melhor...
ResponderExcluir( JOSI OLIVEIRA )