Por Fabio Cypriano
Na Revista Cult
As artes plásticas brasileiras passam por um de seus períodos mais férteis e de maior visibilidade. Até o curador suíço Hans Ulrich Obrist – considerado a personalidade mais importante das artes no mundo, segundo a revista inglesa Artreview – anunciou, no ano passado, que vai estudar a produção nacional nos próximos dois anos, junto com um time de outros três curadores, entre eles o brasileiro Paulo Herkenhoff.
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O corpo na arte
Uma das grandes marcas do chamado processo civilizatório – tal como abordado por Norbert Elias, em seu clássico estudo O Processo Civilizador – é a domesticação e anestesiação dos sentidos, com o privilégio da visão e da razão sobre toda a complexidade da vida, o que é uma das principais características da cultura ocidental. Deslocando-se desse eixo, ao perceber que o corpo na cultura brasileira sempre assumiu um papel distinto, como, por exemplo, no Carnaval, artistas brasileiros buscaram estabelecer uma nova forma de relação com a arte.
Esse movimento nas artes plásticas – cujos grandes ícones são Hélio Oiticica e Lygia Clark – foi na verdade um pequeno recorte dentro de um espectro muito mais amplo, que tinha nas telas o engajamento do cinema novo, capitaneado por Glauber Rocha; nos palcos, o experimentalismo de José Celso Martinez Corrêa, com o Teatro Oficina; e, na música, a complexidade do tropicalismo, com Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre tantos outros.
Todos esses movimentos trilhavam os mesmos caminhos: por um lado, abordavam o que melhor traduzia a cultura brasileira, usando a antropofagia de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral como uma de suas grandes referências; por outro, visavam estimular, por meio da arte, uma participação ativa do espectador no contexto político e social.
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