domingo, 10 de outubro de 2010

Da história do Brasil

Por Marcos Silva
em comentário neste blog

Começando pelo quadro de Pedro Américo: ele é pura idealização, claro, como toda pintura acadêmica, que trabalha sobre inúmeras convenções poses, cores, luzes. Isso não significa má pintura necessariamente (Pedro Ame´rico era muito talentoso), apenas indica que estamos muito longe de uma estética com pretensões realistas.

Discordo da avaliação sobre uma História do Brasil sem lutas. Existiram tanto combates visíveis (índios contra colonizadores, escravos contra senhores) quanto resistências e invenções cotidianas, inclusive no nível de negociações inesperadas - revoltas de escravos que cobravam determinados direitos no uso da terra, há documentação a respeito. Pegando a História do fim do século XIX em diante, que eu conheço um pouco mais através de pesquisa direta, fico muito impressionado com lutas como Canudos, Caldeirão, Revolta da Chibata, Revolta contra a Vacina Obrigatória, greves e mais greves... A luta contra a ditadura incluiu lances comoventes como o abaixo-assinado contra a carestia (um milhão de assinaturas recolhidas durante uma ditadura!), lutas por terra urbana e creches, greves contra a lei ditatorial.

Não vale a pena romantizar a História do Brasil como um espetáculo de bravura. Mas existe também a romantização negativa - nada presta, tudo é medíocre.

Benjamin valorizava potencialidades da História para lembrar que nem só quem venceu merece nossa atenção. Nesse sentido, os marinheiros que lutavam por direitos civis no governo Goulart e os trabalhadores rurais em luta por sua cultura são merecedores de todo respeito e carinho.

E gosto também de nós: estamos aqui reclamando do existente e procurando outras saídas.

9 comentários:

  1. Uma das acusações contra a turma do Pasquim, presa, foi de que o jornal havia ironizado o quadro de Pedro Américo. Resposta de Jaguar ao coronel que o interpelou sobre isso. "O senhor me desculpe, mas esse quadro não é símbolo de coisa nenhuma. É apenas uma pintura vagabunda". Mesmo sem entender de pintura, mas comparando com outras pinturas, concordo com Jaguar. Abraço de François Silvestre. Jaguar tá vivo. É só perguntar a ele.

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  2. François:

    Conheço o quadro de Pedro Américo e a paródia do Pasquim. Até escrevi um pequeno texto sobre o episódio: “Independência & Mocotó”. Diário Oficial – Estado de São Paulo (Suplemento). São Paulo: Imprensa Oficial, 110 (173): 2, 7 set 2000.
    Não considero aquela pintura vagabunda, embora compreenda a ênfase de Jaguar num contexto específico - repressão ditatorial, diálogo com repressor.
    Pedro Américo era um pintor acadêmico que sabia usar os instrumentos de trabalho e trabalhava frequentemente por encomenda. A pintura de Tiradentes esquartejado chega a comover. Não foi impressionista nem mesmo um romântico tardio como Almeida Jr. Nesses limites, pintou bem, até foi além de regras acadêmicas - a Pinacoteca do Estado de São Paulo organizou, há muitos anos, belíssima exposição sobre O Desejo na Academia, com pinturas e estudos de nus que aquele artista e seus colegas de tradição pictórica fizeram.
    Prefiro Eliseu Visconti. Mas não posso concordar com a desqualificação apressada de Pedro Américo feita por Jaguar.
    Abraços:

    Marcos Silva

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  3. OK,Marcão. Foi só um registro do fato que vc conhece. Abraço. François.

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  4. Alô alô Pedro Américo
    alô Pedro Álvares Cabral
    o Diário do Tempo agora
    virou Substantivo Plural.

    José Belarmino Bezerra
    (trovador popular)

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  5. Já tem o Nobel das crônicas/ Resistente a todas provas/ Agora o Zé Belarmino/ Vai ser o Nobel das trovas. Poeta impopular.

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  6. o José Belarmino fez bingo.
    o outro trovador parece que achou ruim a observação. Faz sentido. Alguém vestiu a carapuça.

    José Laércio Dantas

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  7. Ruim? achei foi bom! Poeta Impopular.

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  8. De carapuça em carapuça tem dois com o mesmo nome. Um trova outro elogia, só varia o sobrenome! Rômulo Lemos.

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  9. Pessoal:

    Tem desafio no Diário do Tempo!

    Marcos Silva

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