Costumo dizer que o Brasil nasceu de uma quartelada e permanece bagunçado até hoje. Mas o fato parte da história republicana deste país varonil. Lendo o livro de Laurentino Gomes - 1822 - vejo que a merda, literalmente, vem de bem antes.
Acho até engraçada como a história é passada a nós, alunos inocentes e sem muitos questionamentos. Imagens quase épicas passam ligeiro sob os obstáculos da crítica. Os Estados Unidos eram os mocinhos e a velha União Soviética o oriente mal...
Vocês lembram da imagem altiva de D. Pedro de espada erguida sob um cavalo branco e às margens do bonito Ipiranga gritando "independência ou morte"?. Rapaz, a história é outra. E mostra que a arte não imita a vida. O quadro de Pedro Américo é photoshop.
Laurentino Gomes estará na Feira Literária de Pipa este ano. A seguir, suas palavras no início do livro:
"O destino cruzou o caminho de D. Pedro em situação de desconforto e nenhuma elegância. Ao se aproximar do riacho do Ipiranga, às 16h30 de 7 de setembro de 1822, o príncipe regente, futuro imperador do Brasil e rei de Portugal, estava com dor de barriga".
"Testemunha dos acontecimentos, o coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo, subcomandante da guarda de honra e futuro barão de Pindamonhagaba, usou em suas memórias um eufemismo para descrever a situação do príncipe. Segundo ele, a intervalos regulares D. Pedro se via obrigado a apear do animal que o transportava para 'prover-se' no denso matagal que cobria as margens da estrada".
"A montaria usada por D. Pedro nem de longe lembrava o fogoso alazão que, meio século mais tarde, o pintor Pedro Américo colocaria no quadro 'Independência ou Morte', também chamado de 'O Grito do Ipiranga', a mais conhecida cena do acontecimento. O coronel Marcondes se refere ao animal como uma 'baia gateada'. Outra testemunha, o padre Belchior Pinheiro de Oliveira, cita uma 'bela besta baia'. Em outras palavras, uma mula sem nenhum charme, porém forte e confiável".
"Foi, portanto, como um simples tropeiro, coberto pela lama e a poeira do caminho, às voltas com as dificuldades naturais do corpo e de seu tempo, que D. Pedro proclamou a independência do Brasil".
Jarbas Martins vai candidatar João da Mata para o prêmio Nobel de literatura. Vamos ajudar! Nesse aí eu voto. Viva o Nobel para a capitania dos Barros. Marcos Lima.
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