As opiniões a respeito da Flipipa ainda pipocam. Isso é bom. Hoje mesmo li pelo twitter que os livros mais recentes de Laurentino Gomes e Mia Couto - participantes do evento - estão entre os mais vendidos da Siciliano.
Vou colocar mais uma ingrediente no molho a partir da ótica de Fabio Farias e Fernando Monteiro, com os quais concordo em parte. E a principal concordância é quanto à temática, e não ao formato.
Algumas palestras, de fato, soam ultrapassadas. Discutir estética do cangaço quando o mundo passa por tantas transformações confusas e que merecem discussão a partir de obras literárias correlatas, talvez seja realmente ultrapassado.
A fortuna crítica de Cascudo merece matérias de jornal e denúncias na mídia ante o "crime editorial" promovido pela Global com uma das suas principais obras. Não sei se merecia um debate literário a respeito. Houve repetição do já publicado.
Não sei se porque já entrevistei e assisti outras duas palestras de Marçal Aquino, mas ele trouxe as mesmas cantilenas à Flipipa. Ficou repetitivo pra mim. Mas talvez tenha sido proveitoso à maioria.
Tarcísio Gurgel trouxe uma palestra gostosíssima de se ouvir. É sempre bom mergulhar na aura da Belle Époque e aprender mais sobre aqueles tempos. Mas ao final, vem aquela pergunta. "E aí?. E o novo? Continuo sem entender meu tempo!".
Claro, "aprender o passado para entender o futuro". Essa frase feita, pra mim, também é ultrapassada. "O tempo urge" (outra frase feita). Caminhamos na velocidade dos bytes. E muitos sedentários não conseguem acompanhar os novos tempos. Precisamos debater isso.
O formato da Flipipa é demasiado charmoso. A organização é quase perfeita. O clima em volta é aconchegante e propício às discussões literárias informais. Enfim, é gostoso o ambiente criado e aposto que transmite algo à população nativa.
Sem falar nos eventos complementares: oficinas, Pipinha Literária, artesanato e agora a Flipout - surgida em decorrência da Flipipa, é bom lembrar, e com apoio de Dácio, que lá esteve para prestigiar.
A questão única e fácil de resolver, penso, é repensar temáticas; tornar o evento mais contemporâneo e proveitoso. E isso Dácio sabe fazer muito bem. Basta lembrar o conteúdo da Revista Brouhaha.
Sem esquecer dos bons debates de ideias já nesta edição - melhor que a primeira: J.G Noll; João Ubaldo e Geraldo Carneiro; Laurentino Gomes; Mia Couto... Foram palestras disputadas e elogiadas!
E que dizer de Daniel Galera e Rafa Coutinho discutindo quadrinhos e novos formatos literários? - mais contemporâneo, impossível! Ou uma mesa para discutir novas mídias sociais e jornalismo cultural? Ou mesmo Marçal e as formas de elaboração de roteiro e literatura?
Então, são apenas detalhes que prejudicam sim o Festival, mas não retratam o todo. Há outros temas bons para compreendermos esses tempos malucos, ditos pós-modernos. E nada melhor que discutir isso no relax e na brisa da Praia de Pipa.
que tal a temática da originalidade?
ResponderExcluire ela esteve presente nos estudos originais de frederico pernambuco de mello em outra abordagem sobre o cangaço – a estética.
e na linguagem além dos personagens da fricção de joão gilberto noll.
noll que é pós-moderno é cangaceiro urbanóide, corisco correndo o risco, caiu um cisco no olho do furacão! quem foi que não viu não?
leminski disse:
o novo
não me choca mais
nada de novo
sob o sol
apenas o mesmo
ovo de sempre
choca o mesmo novo.
também concordo com fábio quando ele chama atenção para a pouca presença dos jovens escritores do estado na programação. jota mombaça, tiago mesquita, renata mar e ada lima são apenas alguns dos muitos nomes que podem enriquecer ainda mais as próximas feiras e encontros literários do estado.
ou será que já estou ultra-pensado?