segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Natal, a nova rota dos shows

Após o Titãs lotar o Palácio dos Esportes no calor dos anos 80, Lulu Santos danificar o gramado do Juvenal Lamartine em show ao ar livre, ou o Legião Urbana tocar no Papódromo à mercê da chuva na década de 90, o Machadinho assistia a montagem de um palco numa quadra de esportes para receber oito vezes o show de Roberto Carlos e se tornar a opção de abrigo para os melhores shows da cidade. E o que dizer dos ventos, chuvas e imprevistos da Arena do Imirá, da Cervejaria Continental ou do estacionamento do hotel Vila do Mar? Fato é que Natal nunca teve um local apto a receber os grandes espetáculos até a pré-inauguração do Teatro Riachuelo, na última sexta-feira.

Desde a inauguração do Teatro Alberto Maranhão há 106 anos, Natal espera um espaço apto a receber as mega produções nacionais. O Teatro Riachuelo estendeu o tapete vermelho e já anuncia a vinda de Roberto Carlos, Jorge Vercílio, Zizi Possi e Toquinho. Os R$ 1,5 mil lugares representam quase o tripo da capacidade do TAM. Os equipamentos elevam o novo Teatro ao status de melhor do Norte e Nordeste e um dos mais modernos do país. E no rastro do investimento privado, Natal ingressa na rota dos artistas, eventos, feiras e peças teatrais mais prestigiados do país. Mas, cabe espaço ao artista potiguar neste grande teatro? A relação custo x benefício é o maior entrave: lota ou amarga o prejuízo.

Sob essas condições, a maioria esmagadora dos artistas potiguares manterá seus shows em bares e pequenas casas de show. Infelizmente a realidade local impossibilita a lotação de uma casa do tamanho do Teatro Riachuelo. Mesmo no agora mediano TAM, o público espera no saguão do Teatro o início do show nacional, enquanto o talento potiguar toca para poucos. O produtor Zé Dias chama a atenção para outro fator: "No Teatro de Cultura Popular (TCP) ou na Casa da Ribeira, por exemplo, Khrystal (cantora e compositora potiguar) pode fazer temporada de dois ou três shows para divulgar seu trabalho. No Teatro do Midway isso não é possível". Nem no TAM, com pautas comumente lotadas, ou no Teatro Sandoval Wanderley, pequeno e depredado.

Alexandre Maia - o grande dos shows musicais nacionais em Natal - acredita que demore um ano até que o TR se torne conhecido no meio artístico nacional. O produtor aponta uma série de vantagens do novo teatro: estacionamento seguro, confortável e sem cobrança, uma rede com quatro dos melhores restaurantes da cidade na saída do teatro; a área urbana de fácil acesso; e a versatilidade do empreendimento em abrigar shows sentados ou em pé, quando as poltronas são removidas e dão lugar à pista. "Esse teatro vai resgatar pessoas mais idosas que já haviam desistido de ir para shows por dificuldade de acesso ou algum tipo de desconforto", complementa.

Futuro
Até então, o TAM, na Ribeira, e o Boulevard Recepções, em Nova Parnamirim – ou ainda o Centro de Convenções, na Via Costeira –, eram os dois principais palcos da cidade. “O Centro de Convenções foi construído irresponsavelmente com pé direito baixo. Não custaria praticamente nada aumentar de 5m para 9m, que é o mínimo exigido para um grande show. Poderia ser uma boa casa de espetáculos”. A respeito do Boulevard, Alexandre acredita que a Casa cumpriu e ainda cumprirá sua missão.

“Fiz shows com grandes nomes por lá: Ney Matogrosso, Simone... E um fato curioso: três artistas da linha mais popular me ligaram pedindo um lugar na cidade com público mais selecionado. Escolhi o Boulevard e promovi os shows de Leonardo, Roberta Miranda e, mais recente, Amado Batista”. Alexandre cita ainda a vantagem do espaço. “No Boulevard há lugar para 2,5 mil pessoas. Tem mais retorno financeiro para o artista e o produtor. Mas seu pensasse no lado financeiro trabalharia com forró e axé”.

Segundo Alexandre Maia, o trabalho do produtor e do artista muitas vezes é mais reconhecido quando apresenta um bom trabalho. “E essa qualidade nenhuma Casa de Natal oferece melhor que o Teatro do Midway. Às vezes as pessoas me parabenizam ao fim de um bom show. É como se eu tivesse cantado. E o artista sente isso. Quando entro em contato, eu digo: aqui você só vai ganhar tanto, mas o equipamento é esse, e tal. No TR há facilidade na montagem do palco, em luz, em som. E isso é o que compensa”.

* Matéria publicada no Diário de Natal no último domingo

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