De um artista potiguar angustiado

Boa tarde Sérgio Vilar,

é com imenso desgosto, nojo e angústia que escrevo esse e-mail para você.

Sou um artista potiguar que tento da maneira mais honesta e mais apaixonada possível trabalhar com arte aqui no estado.

Nasci em Natal e amo a minha cidade.

Mas infelizmente quanto mais o tempo passa, mais faço planos de morar fora daqui. Sou do tipo de pessoa que assim como a esmagadora maioria dos artistas potiguares sofrem atrocidades o tempo todo!

E chegamos a escutar:
Você é artista?
Que lindo!
Eu acho muito bonito quem trabalha na área de artes!
MENTIRA!

Ser artista é muito difícil, é árduo e infelizmente é humilhante tentar ser artista nessa cidade.

Era uma vez uma pessoa que é jornalista e se tornou presidente de uma fundação chamada: Fundação Cultural Capitania Das Artes (que se diz um órgão que fomenta, incentiva e apóia todas as áreas da arte e da cultura); é verdade isso?

MENTIRA!

O que a FUNCARTE está fazendo é uma verdadeira palhaçada!

Apenas eventos e mais eventos, a história do antigo pão e circo é muito usado por pessoas que não entendem de cultura e querem apenas aparecer e ganhar dinheiro!
Trabalhar para criações de editais e fomentos para os artistas trabalharem o ano inteiro de maneira digna não acontece!

Em termos culturais somos uma cidade autista, o artista sobrevive apenas de autos de natal, presentes de natal!

Quem é colega de trabalho meu sabe do que estou falando!

É tão simples, o artista potiguar quer apenas conseguir aprovações em editais, fomentos e conseguir ter algo bom para ele: apresentar para o público seu trabalho, suas concepções, suas criações artísticas.

Mas o que acontece é vamos fazer o Carnaval, o São João, Dia do Folclore, Dia do Artista Plástico, dia pedra, dia disso, dia daquilo e aí?

E aí que pagam uma mixaria para pessoas que compõem as quadrilhas juninas e para os carnavalescos, e é aquela história citada por Isaque Galvão em um jornal, trabalho no Carnaval para receber no São João, trabalho no São João para receber no Natal em Natal.

Pergunte a algum artista da cidade que participou de algum evento desde a gestão da despreparada borboleta, quem não recebeu atrasado, muito atrasado e com um cachê vergonhoso.

Sempre a proposta é pequena, porque a visão de quem está à frente da gestão cultural do município é outra!

O mais interessante, é o discurso:
A prefeitura não pagou ainda os carnavalescos porque eles não entregaram a documentação no tempo certo, os quadrilheiros atrasaram a documentação, a documentação de tal artista está incompleta ele não entregou tudo o que deveria...

É MENTIRA!

Repito: os gestores culturais pensam que os artistas potiguares devem se lascar!
Quem vem de fora é pago muito antes de se apresentar!

O artista potiguar não merece ser bem pago, simplesmente porque é daqui, infelizmente mora aqui.

De um funcionário triste e abismado em como anda (ou melhor rasteja na merda a FUNCARTE) disse:

Tenho nojo de ir trabalhar naquela fundação, telefones cortados, luzes apagadas para economizar energia, vejo artistas sendo humilhados por cachês. Ah! E outra coisa disse o funcionário: todos os artistas que participaram o ano passado do Auto de Natal já tem uma lista com esses nomes para não ficarem na seleção desse ano! Nem vá se inscrever por que essas oficinas e testes são apenas “de fachada.”

É isso Sérgio Vilar, escrevo para você como um grito de socorro, como um artista que tanto se humilhou para receber seu cachê honestamente, que estuda, que ensaia, que trabalha muito para que uma pessoa com cargo comissionado faça tudo de pior nas costas dos artistas, para que a FUNCARTE faça tudo que não devia. Enfim, espero que publique isso da melhor maneira (na íntegra) e aconselhem os artistas da melhor maneira possível em suas reportagens.

De um artista potiguar angustiado.

Do blogueiro: Conforme combinado, mantive as reclamações, o desabafo ou como queira chamar, e retirei as acusações devido a "carta" sem autoria, anônima. Se alguém quiser dar a cara a bater e tecer suas acusações, o blog está aberto.