quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Do voto nulo


A inclinação ao voto nulo nos últimos comentários deste blog merece reflexão. Travei mínima discussão a respeito com minha colega Ramilla Souza no twitter - ali, tudo é mínimo. E Tácito, no debate cultural, disse ter pensado em polemizar o assunto. De cá dou minha opinião. Mais uma resenha mala. Que seja.

Acredito no voto partidário como participação na falsa democracia instaurada pelo poder e pela burguesia. Parece discurso do PSTU, né? Mas se Cazuza fala em burguesia, tudo é mais poético. Mas é fato o que escrevo.

Votar na esquerda (como votei nas últimas eleições) ou na direita, dá no mesmo. Ajudar a organizar partido é adotar uma estrutura necessariamente hierárquica. É participação direta no poder, portanto. E não se pode esquecer o quanto o poder político corrompe. A direita e a esquerda estão aí para provar.

Enquanto organismos independentes estiveram longe do poder político conseguiram mobilização e força. A lembrar o ecologismo. Em diversos movimentos na França "revoltada", quando houve articulação política, houve desarticulação.

E vamos lembrar dos gastos inúteis de campanha. Lembrar que o político, por mais honesto que pareça ou seja, necessariamente precisa comprar votos, se corromper em prol do cargo, por mais boa intenção que tenha. TODO político, portanto, é corrupto. Culpa do sistema? É. Mas quem compactua integra a rede de corrupção.

A afirmação parece pesada. Muitos se sentirão ofendidos. "Poxa, se voto em alguém, sou corrupto". Mas corrupção, entenda-se também por inúmeras atitudes cotidianas banais que cada um, como eu, pratica. Compro DVDs piratas, por exemplo. Mas tento evitar um monte de outras. E a do voto é uma delas.

De repente, Carlos Eduardo, Sávio Hackradt, Fátima Bezerra, Mineiro, Sônia Godeiro ou George Câmara, em quem eu votaria, nem comprem DVDs piratas por pura ideologia, princípio moral. E eu compro, ora. Somos todos corruptos, então. Sônia, tenta ser, infelizmente. E irá manchar uma exemplar história sindical.

São os sindicatos (quando não políticos), as organizações civis (quando sem interesses políticos), cooperativas, conselhos comunitários, associações, etc os responsáveis pelas mudanças substanciais na sociedade. São mecanismos que são ou podem ser integrados. Tudo construído pelo povo - verdadeira fonte de poder.

Precisamos de uma recusa radical à participação do jogo político. O único modo de agir não precisa ser político. E a objeção é a todo tipo de obrigação, a exemplo do voto obrigatório, do serviço militar e até à escola obrigatória.

É preciso desmascarar as mentiras ideologicas dos poderes múltiplos. O tal "Estado de direito" é falso de ponta a ponta! Desconfie dos preceitos de um Estado que sequer cumpre suas próprias leis. Lembre-se: quem paga, manda! E você tem o direito de votar contra tudo isso. Eu voto nulo. E você?

6 comentários:

  1. Estou no time. Só uma sugestão: em vez do zero zero e confirme, nove nove e confirme. 99 e não 00. Superstição.

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  2. Votar nulo? Pra ralezona do bolsa-esmola descarregar voto na Dilma?

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  3. Prefiro marcar posição:
    Plínio para presidente, mesmo que não sirva de nada e eu nem concordo com a ideologia dele.

    Alice

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  4. Democracia madura, voto facultativo. Plínio lá e nulo cá.

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  5. Pois bem, já que eu fui citada, vou responder. Concordo quando você diz que o voto não é a única forma de participação política. Concordo plenamente, aliás, e viveríamos em outro mundo se todo mundo se desse conta disso. Mas, o fato, é que na atual estrutura, o voto é uma forma importantíssima de participação.

    Talvez, se os movimentos sociais fosse mais fortes e as pessoas mais esclarecidas, o voto em si não fizesse tanta diferença, porque haveria uma mecanismo de regulação social independente de quem estivesse lá. Mas, não é assim que é, então, não tem porque dificultar a vida de quem está do lado de cá (que já não é fácil, independente de quem se eleja) deixando subir ao poder a pior opção possível. Taí as pesquisas para governador para provar isso. Rosalba vai se eleger e não tem quem me convença que Iberê ou Carlos Eduardo não seriam, minimamente, melhores do que ela. Eu não disse ótimos, veja bem, eu disse melhores e isso já é alguma coisa.

    O caso, Sérgio, é que não importa quem se eleja, não dá pra tirar o corpo fora em nenhum momento. A gente tem que estar atento, cobrar e participar sempre. Isso é o que eu mais repito na última semana e até inseri algo na abertura do debate: não dá pra cair na descrença, ficar lá e pronto. É opção nossa fazer alguma coisa pra que, quem sabe um dia, eu possa me dar ao luxo de votar nulo.

    P.S.: Você não vai votar nem em Mineiro, brother? Que que isso?

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  6. Aaah! Eu adoraria continuar conversando sobre essas coisas quando as eleições acabassem, mas aí ninguém mais vai querer falar sobre política. :(

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