segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Entrevista - Zélia Duncan

Ao sabor de Zélia

O timbre de Zélia Duncan é incomum. Pelo menos difere das intérpretes da "nova geração" - como outros gostam de dizer. A cantora que há dois anos assumiu o posto de Rita Lee no revival da lendária banda Os Mutantes foi recentemente premiada como melhor cantora de pop/rock da música brasileira. O critério de escolha foi o novo trabalho, intitulado Pelo Sabor do Gesto. O repertório do CD e os velhos sucessos serão interpretados no show de hoje no Boulevard Recepções. O álbum foi indicado ao Grammy Latino e sequer foi lembrado na prestigiada e recente premiação do Multishow, que entregou o prêmio de melhor álbum a Maria Gadú e de melhor cantora para Ana Carolina, ambas com estilo musical parecido ou do mesmo nicho de mercado de Zélia Duncan. Pelo Sabor do Gesto foi bem aceito pela crítica especializada. O disco possui 14 faixas que transitam entre a música popular, o rock e o folk. Na entrevista concedida ao Diário de Natal, a cantora comenta o show e outros assuntos.

Entrevista >> Zélia Duncan

O que achou da indicação ao Grammy Latino com o novo álbum e da ausência no Prêmio Multishow?
Não se pode comparar esses prêmios. Basta ser um pouco observador para constatar o estilo de cada um.

As parcerias do disco são mais ou menos de compositores contemporâneos seus. Por que não os novos talentos?
Eu procuro o que me identifica como artista, não apenas o que é novidade, mesmo porque novidade não quer dizer novo. As pessoas querem novos rostos e antigas linguagens - a diferença é imensa entre as duas coisas. Mas Marcelo Jeneci é um parceiro super novo, por exemplo, da atual geração, como vocês gostam de dizer.

Você recebeu Disco de Ouro pelo Eu Me Transformo Em Outras. Um feito, na sua opinião, já que os tempos são de download? Como você lida com essa questão da música gratuita na internet?
Essa já é a realidade, estamos fazendo o que sempre fizemos: trabalhar, subir no palco, que é nosso lugar. Os formatos vão sempre estar em mutação e sempre vamos nos adaptar a eles.

Há dois anos você estava junto com Os Mutantes. Como foi essa experiência? Você tem notícias de Arnaldo Baptista.
Foi excelente, todos vão muito bem.

Você tem gravado nesse novo trabalho uma canção de Rita Lee. Então não houve ciúmes quando você assumiu os vocais nos Mutantes?
Você perguntou e você respondeu, boa!

Os Mutantes e outros fundaram o Tropicalismo. Antes, tivemos a Bossa Nova, a Jovem Guarda. Nos anos 80, o rock. E desde os anos 90 assistimos músicas de extremo apelo comercial e até vulgares. Qual seria o ritmo passível de revolução musical hoje no Brasil?
A Jovem Guarda era considerada por muitos uma música fácil e comercial. Cada tempo tem o seu lixo e seu luxo. O tempo julga e até recoloca no trono certos gêneros. Não existe isso de ritmo que vai revolucionar; existem artistas que pontuam seu tempo.

Como você vê o surgimento de tantas intérpretes elogiadas pela crítica especializada, a exemplo de Roberta Sá, Mariana Aydar, Céu, Maria Gadu?
Não sou crítica musical, tenho meu gosto, o que me agrada mais,me emociona mais. Todas que você citou são ótimas, mas você esquece de Tulipa Ruiz, que tem muita força.

* Publicado sábado no Diário de Natal (AQUI)

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